terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Palestra Apicultura 2.0

Como parte integrante do workshop de apicultura com o Harald Hafner, iremos ter, na Sexta-feira, 2 de Maio, uma palestra sob o título Apicultura 2.0.

2.0 porque o Harald está a preparar uma nova geração de apicultores em Portugal, com novas sensibilidades, novas preocupações e novas abordagens à apicultura e ao mundo das abelhas.

Esta palestra é gratuita e aberta a todos, e terá lugar no auditório da Junta de Freguesia de Castelões de Cepeda (Academia de Música de Paredes) na Sexta-feira, 2 de Março, pelas 21:15. Todos serão bem-vindos.

Para saber mais sobre o workshop, clicar aqui.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Já só restam 5 vagas!

Já só restam 5 vagas para o workshop de apicultura com Haral Hafner em Paredes!
Aconselhamos os interessados a entrarem em contacto connosco através do email cursosparedesemtransicao@gmail.com.

Os interessados em adquirir uma colmeia povoada (do Harald), por favor façam-no saber o quanto antes, pois nesta altura o número de colmeias disponíveis é muito limitado.

Agradecemos aos colegas de Coimbra em Transição a disponibilização das imagens so seu último curso de apicultura com o Harald no Jardim Botânico de Coimbra.





Esperamos encontrar-vos em Paredes no dia 2 de Março!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Workshop de Apicultura com Harald Hafner em Paredes

Sabia que, para produzirem 1 kg de mel, as abelhas têm que efectuar mais de um milhão de voos, numa distância combinada equivalente a 7 voltas ao planeta?
O mundo das abelhas é fascinante, e pretendemos abrir-lhe uma porta para que nele possa entrar.

Em Paredes, alguns membros da associação Paredes em Transição juntaram-se para adquirir alguns enxames, e, de forma comunitária, partilharem as tarefas e os rendimentos das suas colmeias. Será uma oportunidade para aprendermos, mas também para ajudar a disseminar estes conhecimentos.
Com este objectivo, estamos a organizar um workshop sobre apicultura que decorrerá nos dias 2, 3 e 4 de Março; 15 de Abril; e 18, 19 e 20 de Maio, com uma carga horária de 33 horas teóricas e práticas.
Este espaçamento ao longo de quase 3 meses permitirá aos participantes acompanhar o calendário apícola e adquirir os conhecimentos de forma prática, trabalhando com as abelhas e aprendendo a desempenhar todas as tarefas necessárias para poderem conduzir, com sucesso, os seus próprios enxames.

Pretende-se que os participantes terminem o curso com a confiança necessária para tratarem os seus próprios enxames, quer como passatempo, quer como uma possível ocupação a tempo inteiro.
O workshop será conduzido, em língua portuguesa, por Harald Hafner, apicultor austríaco há muito radicado em Portugal, mestre em apicultura, e com uma vasta experiência profissional em vários ambientes, com diversas raças de abelhas e diferentes tipos de colmeia.

As partes teóricas do workshop, nas Sextas-feiras 2 de Março e 18 de Maio, decorrerão no auditório da Junta de Freguesia de Castelões de Cepeda, em Paredes.

As partes práticas decorrerão na Quinta da Ameixoeira Torta, em Vandoma, Paredes, onde se encontra o apiário comunitário de Paredes em Transição.

O curso terá um custo de 150 Euros e incluirá  12 refeições (4 almoços e 8 lanches). 
O pagamento inclui, ainda, materiais de documentação e apoio entre-sessões e após o workshop. Todo o equipamento necessário será fornecido pela Associação para utilização ao longo do curso.

As inscrições deverão ser feitas até ao dia 25 de Fevereiro. 50% do pagamento deverá ser feito aquando do acto de inscrição através de transferência bancária para o NIB 0033 0000 4540 8581 5800 5 do BCP.
O restante poderá ser efectuado no primeiro dia de curso.

Os participantes que o desejem poderão adquirir o seu próprio enxame, que poderá ser instalado no local escolhido nas noites de 13 ou 14 de Abril, anteriores à segunda sessão do workshop, a 15 de Abril.
Para mais informações, poderá enviar email para: cursosparedesemtransicao@gmail.com

Ou poderá ligar para: 91 376 2626

A associação Paredes em Transição é um organismo sem fins lucrativos com o Número de Identificação Fiscal 509 724 612.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"A Cidade das Abelhas." Documentário para Crianças

Mais um post relacionado com o nosso workshop de apicultura:

A Cidade das Abelhas é um excelente documentário sobre maravilhoso mundo das abelhas, direcccionado para as crianças.

Como são os primeiros minutos da vida de uma abelha? Como é que as abelhas transformam o néctar em mel? Como usam as glãndulas ceríferas para fazer cera? A minha filha de 5 anos viu até ao fim e adorou! Se é bom para ela, é bom para mim!

Do original "City of Bees", é um filme extremamente pedagógico, realizado por Laila Hodell e editado em DVD em 2006.
Esta versão é dobrado em português (Brasil).


A sinópse do filme: Com seis anos de idade, Oliver e os seus jovens amigos acompanham as actividades de um apicultor no tratamento das suas colméias ao longo de um ano. As crianças aprendem como a abelha rainha rege a colmeia, os vários trabalhos cada abelha realiza, como uma abelha poliniza as plantas, e como as abelhas podem voar a velocidades espantosas.
Aconselhado a crianças de todas as idades!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Uma Conversa Sobre Apicultura com Harald Hafner


Harald Hafner é um apicultor austríaco há muito radicado em Portugal. Conheci-o em Abril de 2011, no Jardim Botânico de Coimbra, onde deu o seu primeiro curso de apicultura no nosso país.

O Harald é um tipo de natureza tímida, mas quando fala em abelhas, a sua paixão pelo tema explode e ouvi-lo falar sobre a vida das abelhas, as fantásticas propriedades do mel, as plantas melíferas, e a apicultura natural é uma delícia.

O seu respeito pelas abelhas, e a sua visão filosófica sobre a apicultura aproxima-o a um mestre oriental, sempre em busca da perfeição.

Quando se colocou a hipótese de iniciarmos o nosso projecto de colmeias comunitárias, dentro da iniciativa Paredes em Transição, não tive qualquer dúvida em convidar o Harald Hafner a vir a Paredes ensinar-nos a trabalhar com as abelhas.

O Harald esteve, há dias, em Paredes, para nos ajudar a escolher o local para estabelecermos o nosso apiário comunitário, e para combinar a orgânica e a logística do workshop de apicultura. Na altura, tivemos esta conversa, que reproduzo abaixo. Vale a pena ler. É uma fonte de inspiração!

O Harald e o Rúben escolhem o melhor local para instalarmos o nosso apiário.

Conversa com Harald Hafner:

Harald, como descobriste a apicultura?

Sempre tive um grande interesse por insectos. Já em miúdo gostava de observar as abelhas e os abelhões no seu trabalho nas flores, no nosso quintal, e fazia experiências com ninhos de formigas e vespas. Aos 12-13 anos cheguei a ter uma colecção de insectos!

Também tinha uma tia-avó que era apicultora, nas montanhas do norte da Itália, e provavelmente foi ali, na sua melaria, que me apaixonei pelo mel e pelas abelhas.


Como foram os teus primeiros passos como apicultor?

Aos 19 anos, estive quase a ter os meus primeiros enxames, influenciado por um apicultor amigo, mas devido à vida de estudante e ao meu gosto pelas viagens, acabou por não acontecer. Só 15 anos mais tarde voltaria a reencontrar a minha paixão pelas abelhas, quando vivi nos arredores de Viena. Um vizinho que tinha abelhas levou-me até à associação de apicultores locais, e acabou por tornar-se numa espécie de padrinho, durante os meus primeiros passos com a apicultura. Comecei com 2 colmeias num quintal no meio dos bosques de Viena. Estas 2 colmeias tornaram-se em 4 no ano seguinte, pois fiz o meu primeiro desdobramento de um enxame e consegui recolher um enxame silvestre. Comecei como apicultor nas horas vagas!


E a partir daí?

Mais tarde, em 2002 fui viver para a República Dominicana, e como aquele clima tropical oferecia condições excelente para a prática da apicultura, decidi levá-la mais a sério. Rapidamente estava a trabalhar com perto de 200 colmeias na zona de Bayaguana. Aprendi imenso com os apicultores locais, como o meu bom amigo, professor, e mestre Miguel Duarte, que me orientou no mundo das abelhas tropicais e africanizadas. Visitas a Porto Rico e à Florida completaram esta parte do meu percurso.


Para além da experiência que foste acumulando com a prática e a convivência com outros apicultores, chegaste a fazer alguma formação nesta área?

Naturalmente passei por um curso de apicultura, como quase todos os apicultores, mas para aprofundar os meus conhecimentos e ter uma educação formal na área, acabei mesmo por fazer um Mestrado em Apicultura na escola apícola de Warth, na Áustria, que terminei em Fevereiro de 2011.


O que mais te fascina na actividade?

A apicultura é, para mim, uma enorme paixão! Uma paixão transformada em profissão. É uma ocupação muito antiga, primordial, como o caçador, o agricultor, o pastor, o oleiro... e que pode ser praticada em quase todo o Mundo. É uma ocupação próxima e ao ritmo da natureza, interessante, gratificante, e que nunca perde o seu fascínio. Não há duas colmeias iguais, nem dois anos iguais...


É sempre um desafio novo...

É uma aprendizagem constante, mesmo depois de acumularmos uma certa experiência, há sempre mais qualquer coisa para descobrir e aprender. Acho a apicultura comparável às grandes artes do Mundo Oriental, uma permanente busca para chegar à mestria e à perfeição.


Há algum episódio marcante que gostarias de partilhar?

Há muitos, começando pela emoção de receber a minha primeira colmeia, e o primeiro dia que passei a observar o voo das abelhas; a primeira colheita, e ver o mel dourado a correr dos favos, como se fosse ouro líquido; ou o primeiro enxame que apanhei...
Lembro me desta viagem em que trazia as primeiras colmeias na República Dominicana, numa noite de tempestade tropical e de ter carregado cada colmeia, pesada, à chuva, 100 m para dentro do mato, na mais completa escuridão!
E também houve o ataque de um enxame de abelhas africanizadas, em Porto Rico, quando preparava o almoço de raízes (mandioca, taro, inhame) e bananas da horta.



E por cá?

Adoro as visitas aos apiários, de manhã muito cedo, com o sol a nascer, ou o regresso ao fim de um dia de trabalho, com o último sol da tarde... passando por rincões do campo, por aldeias de pedra milenar, por caminhos velhos, do tempos dos romanos, e depois os banhos no rio, no Verão, para arrefecer, depois do trabalho duro e dentro do fato de apicultor...
E há a alegria de ver a primeira postura de uma rainha jovem, ou de retirar o primeiro favo branco da época, cheio de pólen e de mel fresco...
É uma lista muito longa, e realmente não sei que história destacar...


O que te convenceu a estabeleceres-te em Portugal?

Foi uma decisão motivada pelo amor e pelas circunstâncias – foi a minha mulher, a Natália, que me ligou a Portugal. E gosto muito de Portugal! É um país lindo, com gente fantástica! Aqui podes desfrutar de uma vida agradável e calma com todas as vantagens de estar no continente europeu.


E naturalmente a apicultura tinha que fazer parte dessa tua nova vida…

Claro! A apicultura já se tinha transformado numa paixão enorme. Na Primavera de 2007, recomecei com 30 colmeias. Agora trabalho com mais de 250, a maioria das quais na Beira Alta.



Como vês a evolução da apicultura?

Actualmente há, em todo o Mundo, um enorme interesse pelo mel e pela apicultura, com imensos projectos novos a serem implementados. Em parte, será motivado pelos preços favoráveis do mel nos mercados mundiais. Parece que estamos, pouco a pouco, a ultrapassar a crise dos últimos 5 a 7 anos, com o desaparecimento dos enxames – o CCD, ou colapso súbito das colmeias – e o declínio generalizado das abelhas. Há muita gente nova interessada pelas abelhas e pela apicultura, seja como passatempo ou seja a nível profissional. Gente com mente aberta, interessada em aprender novos caminhos ou reencontrar os velhos caminhos, mais sustentáveis.
Surgiu um grande movimento de apicultura urbana, e um renovado interesse na apicultura doméstica. Existem colmeias nos telhados de hotéis de luxo em Boston ou New York, ou no telhado da sede da Luis Vuitton em Paris, em jardins botânicos e parques urbanos… são os exemplos mais visíveis desta tendência.
A crise anterior também causou um grande interesse pela apicultura natural, biológica e sustentável. Para mim esse é o caminho que devemos trilhar.


Com enormes mais valias no campo da qualidade…

Exacto. O mel e os outros produtos da colmeia devem ser vistos pelo consumidor como produtos e alimentos de alta qualidade, benéficos para a saúde. O mel produzido industrialmente, com uso indiscriminado de pesticidas químicos, e vendido como um doce qualquer a preço de oferta nas grandes superfícies, devia ser a excepção e não a regra. Devemos motivar o consumidor a procurar os produtos apícolas directamente no produtor, e de perguntar como ele os produz.


Em Portugal ainda não é assim…

Lamentavelmente, em Portugal, a situação da apicultura (como muitos outros sectores) está ainda um pouco atrasado relativamente a estas novas correntes.
Muitos dos novos apicultores que estão a entrar no mercado, e muitos dos projectos actualmente a serem implementados não contemplam a apicultura biológica ou sustentável, livre de químicos. A maioria dos projectos apostam na produção industrial de mel a granel, orientado para os mercados internacionais, e a competir com gigantes de produção de mel como a Argentina, o Brasil, o México, a China e, aqui mais próximo, a Espanha e alguns países do Leste.


Deviam apostar na produção de um mel qualidade…

Deviam apostar na qualidade e na identidade local e específica dos nossos méis, que possuem uma enorme variedade regional, devido à topografia, ao clima e à vegetação variada do nosso território.


As associações não deveriam ter um papel mais activo na disseminação da apicultura natural?

As associações nacionais e regionais representam mais os grandes produtores e fazem muito pouco para adaptar a legislação à realidade dos pequenos e médios produtores, que acabam por ser a esmagadora maioria dos apicultores portugueses! Não há muitos apoios que cheguem de forma directa e fácil ao pequeno produtor. Desperdiçam-se muitos recursos em projectos e estudos repetidos, muitas vezes não representativos, duplicando conhecimentos já existentes, em vez de se aplicar estes recursos directamente na realidade portuguesa.


Como vês o teu papel como Mestre em Apicultura?

Vejo o meu papel um pouco da seguinte forma: sinto a necessidade de partilhar a minha paixão pelas abelhas e pela apicultura, e de ajudar aqueles que se interessam por estes temas a obter a primeira orientação e a dar os primeiros passos nesse mundo fascinante, mas já com uma perspectiva mais ampla e diversa, do que a que obteriam com alguns dos cursos especificamente técnicos existentes no mercado (sem lhes tirar valor algum!).
Também achava importante desta acção formativa surgisse uma rede de novos apicultores que possa crescer em comunidade, uma rede que lhes permita ajudar-se mutuamente, partilhando as respectivas competências.


Alguma mensagem final?

Precisamos de apicultores novos (jovens de mente!), abertos aos desafios crescentes no mundo apícola, com paixão pelo que fazem e cheios de vontade de aprender constantemente novos caminhos e questionar a validade dos velhos! Há um enorme trabalho a fazer para apresentarmos os nossos produtos de uma forma positiva, para obtermos o preço justo por um produto de altíssima qualidade e valor acrescentado!
Também é essencial divulgarmos o papel importantíssimo das abelhas e dos apicultores para a nossa segurança alimentar, através da polinização, de modo a que possamos ter mais abelhas e mais produtividade alimentar.



Sejam bem-vindos ao maravilhoso mundo das abelhas!